Atrás do cemitério do templo de Sozanji, nos subúrbios da capital, havia a muito tempo uma cabana solitária, ocupada por um senhor de idade chamado Takahama. Ele era muito querido na vizinhança, por causa de seus modos amáveis; mas quase todo mundo achava que ele era um pouco louco.
A menos que um homem faça os votos budistas, espera-se que ele se case e crie uma família. Mas Takahama não pertencia à vida religiosa; e ele não pôde ser persuadido a se casar. Também nunca se soube que ele mantinha uma relação de amor com nenhuma mulher. Por mais de cinquenta anos, ele viveu completamente sozinho.
Em um verão, ele ficou doente e sabia que não tinha muito tempo para viver. Ele então chamou sua cunhada, uma viúva e seu único filho, um rapaz de cerca de vinte anos, a quem ele era muito apegado. Ambos vieram prontamente e fizeram o que podiam para acalmar as últimas horas do senhor Takahama.
Numa tarde abafada, enquanto a viúva e o filho observavam ao lado da cama, Takahama adormeceu. No mesmo momento, uma borboleta branca muito grande entrou na sala e pousou no travesseiro do senhor Takahama. O sobrinho espantou ela com um leque; mas a borboleta voltou imediatamente para o travesseiro e foi novamente afastada, ela voltou pela terceira e última vez e foi embora.
Então o sobrinho a perseguiu no jardim, e através do jardim, através de um portão aberto, até o cemitério do templo vizinho. Mas continuou a flutuar diante dele como se não quisesse ser levada para mais longe, e agiu de maneira tão estranha que ele começou a se perguntar se era realmente uma borboleta ou um espírito maligno. Ele novamente a perseguiu e a seguiu até o cemitério, até vê-la voar contra uma sepultura - a sepultura de uma mulher. Lá desapareceu inexplicavelmente; e ele procurou em vão pela borboleta branca.
Ele então examinou o monumento. Tinha o nome pessoal "Akiko”, juntamente com um nome de família desconhecido e uma inscrição informando que Akiko morrera aos dezoito anos de idade. Aparentemente, a sepultura havia sido erguida cerca de cinquenta anos atrás: o musgo havia começado a se acumular nela. Mas fora bem cuidada: havia flores frescas à sua frente; e o tanque de água havia sido enchido recentemente.
Ao retornar ao quarto do tio, o jovem ficou chocado com o anúncio de que seu tio havia parado de respirar. A morte chegara ao senhor Takahama sem dor; e o rosto morto sorriu. O jovem contou à mãe o que tinha visto no cemitério.
"Ah!" exclamou a viúva, "então deve ter sido Akiko!" ...
"Mas quem era Akiko, mãe?" o sobrinho perguntou.
A viúva respondeu: -
"Quando seu bom tio era jovem, ele estava noivo de uma garota encantadora chamada Akiko, filha de um vizinho. Akiko morreu pouco antes do dia marcado para o casamento; e seu prometido marido ficou muito triste. Depois que Akiko foi sepultada, seu tio fez um voto para nunca se casar e construiu esta casinha ao lado do cemitério, para estar sempre perto do túmulo dela.
Tudo isso aconteceu há mais de cinquenta anos atrás. E todos os dias desses cinquenta anos - inverno e verão da mesma forma - seu tio foi ao cemitério, orou na sepultura, varreu a tumba e colocou oferendas diante dela, mas ele não gostava de fazer menção ao assunto, e nunca falou sobre isso ... Então , finalmente, Akiko veio buscá-lo: a borboleta branca era sua alma. "
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